ARTIGO: Acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia deverá impactar positivamente o setor têxtil brasileiro
Suellen Samantha Weck Rohling
Advogada da Guerrero Pitrez Advogados
No dia 28 de junho de 2019, em Bruxelas, os Países integrantes do Mercosul (Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai) e a União Europeia selaram o “Acordo de Livre Comércio” que trará relevantes impactos para o setor têxtil brasileiro.
Esse acordo comercial representa um marco histórico no relacionamento entre os dois blocos econômicos, produto de negociações que se iniciaram em 1999 e que simbolizam um enorme avanço não só econômico, mas também político e social, principalmente no âmbito das relações internacionais do Mercosul, que há mais de vinte anos não firmava acordo relevante no bojo de sua política comercial.
Em suma, o acordo engloba a redução e isenção gradual de tarifas e impostos sobre as exportações envolvendo os países do Mercosul e da União Europeia, representando um possível incremento do PIB brasileiro de, aproximadamente, 87 (oitenta e sete) bilhões de dólares em quinze anos, impactando, consequentemente, em diversos setores econômicos do Brasil, inclusive o têxtil, que possui tarifa de importação atual até 35% (trinta e cinco por cento).
Em linhas gerais, estima-se variação de desgravação tarifária para o setor têxtil: a) imediata, para algumas poucas matérias-primas; b) em quatro anos para matérias-primas e produtos intermediários – como tecidos, fios, entre outros; e c) em oito anos para os produtos acabados. Ou seja, determinadas matérias-primas têxteis estarão isentas de tarifas de exportação imediatamente após a sanção do pacto.
Frisa-se, entretanto, que o texto final do acordo ainda não foi divulgado, e todas as informações disponibilizadas até o momento encontram-se embasadas nos registros das tratativas que precederam a sua celebração, ainda passíveis de sofrerem alterações até a efetiva ratificação, que deverá ocorrer num prazo de aproximadamente dois anos.
Assim, embora seja certo que a indústria têxtil se beneficiará do referido acordo de livre comércio, para o efetivo dimensionamento do impacto nesse setor e na economia brasileira de modo geral é necessário aguardar o término das negociações entre os dois blocos econômicos e a final ratificação do texto final, em especial por se tratar de matéria recente e envolver diversas questões em termos de desenvolvimento sustentável e de proteção aos direitos humanos.